Nota dos
Editores de odiario.info
Uma
comunicação social hegemonizada pela direita
A situação política decorrente das
eleições de 4 de Outubro permanece incerta. Mas a alteração que introduziu na
correlação de forças parlamentar tem produzido algumas importantes clarificações.
Uma delas diz respeito ao panorama
dos grandes órgãos de comunicação social, e à hegemonia da direita em todos
eles, da linha editorial à esmagadora maioria dos comentadores e cronistas. De
boa parte já era conhecido o reaccionarismo e a cega fidelidade ao grande
capital. Outros passaram da justificação “técnica” das bárbaras políticas de
exploração, desigualdade e marginalização social que a actual crise do
capitalismo agudizou - sob a forma de “memorandos” e outras - ao mais
cavernícola anticomunismo. Outros passaram de uma falsa “esquerda” a posições
de extrema-direita. Todos dispõem de todo o espaço e de todo o tempo para
produzirem um massacre ideológico diário, repetindo e partilhando
obcessivamente os mesmos argumentos, os mesmos preconceitos e os mesmos
espantalhos.
A informação é manipulada e a
realidade é moldada a esta avassaladora campanha. A mesma comunicação social
que permitiu que o governo PSD/CDS fizesse passar durante mais de um ano os
seus falsos “sucessos” na economia e no emprego trata agora a tomada de posse
do governo de Passos e Portas como se tal encenação constituísse uma realidade.
E é essa falsa realidade que apenas existe no plano mediático que permite a
Passos proferir um discurso delirante enumerando sucessos, e Cavaco Silva
designar tarefas que esse governo nunca irá desempenhar.
O recrudescimento da gritaria
anticomunista é particularmente significativo. Nada indica que o PCP venha a
assumir quaisquer responsabilidades governativas, ou que algum dos seus
objectivos políticos de fundo venha a ser assumido por um governo que tenha o
PS como base. O que tal gritaria traduz é apenas o velho e atávico ódio da
reaccionária grande burguesia portuguesa aos trabalhadores e ao povo. E à
democracia.
Os grandes órgãos de comunicação
social estão nas mãos do grande capital. O seu comportamento nestes dias
confirma que nas condições do Portugal de hoje, como nas do de ontem, o poder
do grande capital e um regime verdadeiramente democrático são incompatíveis.
Os Editores de odiario.info
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