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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A PROPÓSITO DE FORMAÇÃO CÍVICA

E TAMBÉM A PROPÓSITO DE FORMAÇÕES CIENTÍFICAS E TÉCNICAS EM PROL DO PROGRESSO DOS POVOS...

TEMPO DE FORMAÇÃO
Fernando Buen Abad Domínguez
Rebelión / Universidad de la Filosofia
(tradução de Guilherme da Fonseca-Statter)

Tal como deve ser (ainda que nem sempre tenha sido assim) as universidades públicas devem dar prioridade à intervenção comunitária e a valorização honesta da produção social do saber, com soluções, em todas as instâncias sociais de base. Especialmente quando se trata de formar líderes com o claro intuito de assegurar que os povos se assegurem a si mesmos da consistência teórica e prática daqueles que comandarão obedecendo. É o que acontece na Universidade Nacional de Lanús, dirigida por Nerio Neirotti no programa FORMARNOS (Formação de Quadros em Gestão Pública e Social)1.
É já um «lugar comum», no qual se deleitam muitas incapacidades e ineficiências, exigir a criação de «escolas de quadros», como uma fórmula mágica para conjurar fraquezas perante as tarefas que a dinâmica histórica vem constantemente exigindo.
O programa FORMARNOS parece uma resposta fundamental que revela que não se pode pôr em marcha uma formação de lideranças se não houver vontade de fazer da vida em colectivo um sentir e um significado tão profundos como a própria humanidade com os seus melhores valores sociais. Não se podem fabricar as condições em que emergem os líderes, mas devem-se promover as competências e sensibilidades com que hão-de servir os novos líderes. Para isso temos formar-nos.
Este projecto FORMARNOS vai em busca de um diálogo entre a vocação, as necessidades históricas e o imaginário que quer um mundo onde prevaleça a justiça social, onde impere um acordo democrático para a acção permanente e em que seja possível partilhar esses sonhos que sonhamos quando se quer um planeta com felicidade e sem amos. É uma quixotada do concreto, funcionando operacionalmente ao longo de seis meses, para que se fique habilitado no exercício de abrir asas e planear voos de dignidade dirigidos ao presente e ao futuro. Todos podem entrar, não há requisitos de graus académicos e tem as portas abertas a organizações comunitárias, cooperativas, empresas culturais, organizações políticas, funcionários públicos e agências do Estado, a nível provincial, nacional, municipal... que tenham a vontade e a responsabilidade de se envolverem na sua formação política e na acção directa e imediata. É pago com os impostos pagos pelo povo argentino e desenvolve-se em aulas presenciais e virtuais.
FORMARNOS é um exemplo de acção concreta professada como práxis que sintetiza o objectivo e o subjectivo de um método revolucionário relevante que consiste em intervir sobre os problemas. Isso é parte da luta, e por isso é exemplar - e inesquecível - essa práctica que envolve vínculos afectivos, intelectuais e de luta, numa relação de fraternidade e de solidariedade, necessárias e urgentes nesta hora. Aprender para agir.
Com esta iniciativa, que nasceu de necessidades sociais concretas e não de iluminismos elitistas, todos contam com um espaço para ter acesso a conceitos e métodos organizacionais de que os povos se apropriam na luta pela sua liberdade política, contra a exploração e o saque, a barbárie, a miséria e a alienação. Um exemplo e um mandato universitário que se identifica com uma moral de luta e triunfo indispensáveis quando é necessário ser útil nos caminhos da igualdade, integração, e unidade em que «a Pátria é o Outro» nos seus valores filosóficos mais profundos.
FORMARNOS é um caminho que articula o seu compromisso com a emancipação dos explorados determinados a emanciparem-se de forma organizada, a partir de baixo e com formação pertinente e adequada nas horas críticas de um mundo em ebulição e com vontades de mudança por todo o lado. Entre as muitas lições ensinadas no FORMARNOS está a de dilatar o direito de alegria inteligente com as mil maneiras de viver – diariamente - e saborear os seus métodos de aplicação concreta e de classe. Nas mãos de quem estuda no FORMARNOS está uma filosofia da práxis que se converte em alegria e dignidade, geradas de serem contagiosas. Eu vi-os a celebrar os seus resultados.
O trabalho do FORMARNOS, pleno de sorrisos e satisfações extraordinárias, é uma atitude perante a vida e perante os seres humanos, perante as relações sociais e os métodos para emancipação em crescimento pleno. Trabalha-se para intervir na unidade indissolúvel com uma vocação científica empenhada em resolver os problemas dos povos com os meios e métodos de melhorar as condições de existência. Por isso, tem a sua vigência, porque se luta para aumentar a consciencialização, para elevar o nível do debate, para elevar as condições de vida e elevar os padrões de felicidade social. Aqui e agora, todos os dias, com a razão e prática, com inteligência e paixão... com el amor loco e a paixão revolucionária.
Temos de «dar de beber» e aprender do FORMARNOS que é, também, uma florescência baseada no desenvolvimento de talentos em pleno exercício dos melhores debates da razão, para ser revolucionário na busca da plenitude social. Quase não há problema científico, político ou metodológico que não se resolva com prazer e com base numa identificação, não condescendente, com uma intervenção na teoria e na prática.
FORMARNOS ajuda a não nos deixarmos levar pela indiferença ou pelo individualismo, ajuda-nos a ser receber a energia do instinto dos povos que recuperam a política com dignidade, para fazer revoluções e para nos formar entre afectos, ideias e tarefas em cima da luta política.

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