(Perseu Abramo, 1º post)
Alertar o leitor para
“ O Significado político da
manipulação na grande imprensa” é um dos nossos objetivos, divulgando autores e livros que melhor nos
possam esclarecer.
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O público - a sociedade - é
cotidiana e sistematicamente colocado diante de uma realidade artificialmente
criada pela Imprensa.
Por Perseu Abramo
1
.
A Manipulação
2.
Uma das principais características
do jornalismo no Brasil, hoje, praticado pela maioria da grande Imprensa, é a
manipulação da informação.
O principal efeito dessa manipulação
é que os órgãos de imprensa não refletem a realidade. A maior parte do material
que a Imprensa oferece ao público tem algum tipo de relação com a realidade.
Mas essa relação é indireta. É uma referência indireta à realidade , mas que
distorce a realidade. Tudo se passa como se a Imprensa se referisse à realidade
apenas para apresentar outra realidade, irreal, que é a contrafação da
realidade real. É uma realidade artificial, não-real, irreal, criada e
desenvolvida pela Imprensa e apresentada no lugar da realidade real. A relação
que existe entre a Imprensa e a realidade é parecida com a que existe entre um
espelho deformado e um objeto que ele aparentemente reflete: a imagem do
espelho tem algo a ver com o objeto, mas não só não é o objeto como também não
é a sua imagem: é a imagem de outro objeto que não corresponde ao objeto real.
Assim, o público - a sociedade - é
cotidiana e sistematicamente colocado diante de uma realidade artificialmente
criada pela Imprensa e que se contradiz, se contrapõe e freqüentemente se
superpõe e domina a realidade real que ele vive e conhece. Como o público é
fragmentado no leitor ou no telespectador individual, ele só percebe a
contradição quando se trata da infinitesimal parcela de realidade da qual ele é
protagonista, testemunha ou agente direto, e que, portanto, conhece. A imensa
parte da realidade ele a capta por meio da imagem artificial e irreal da
realidade criada pela Imprensa; essa é, justamente, a parte da realidade que
ele não percebe diretamente, mas aprende por conhecimento.
Daí que cada leitor tem, para si,
uma imagem da realidade, que na sua quase totalidade, não é real. É diferente e
até antagonicamente oposta à realidade. A maior parte dos indivíduos, portanto,
move-se num mundo que não existe, e que foi artificialmente criado para ele
justamente a fim de que ele se mova nesse mundo irreal.
A manipulação das informações se
transforma, assim, em manipulação da realidade.
Os padrões da manipulação
A
manipulação da realidade, pela Imprensa, ocorre de várias e múltiplas formas. É
importante notar que não é todo o material que toda a Imprensa manipula sempre.
Se fosse assim - se pudesse ser assim - o fenômeno seria autodesmistificador e
autodestruidor por si mesmo, e sua importância seria extremamente reduzida ou
quase insignificante. Também não é que o fenômeno ocorra uma vez ou outra, numa
ou noutra matéria de um ou outro jornal; se fosse esse o caso, os efeitos
seriam igualmente nulos ou insignificantes.
A gravidade do fenômeno decorre do
fato de que ele marca a essência do procedimento geral do conjunto da produção
cotidiana da Imprensa, embora muitos exemplos ou matérias isoladas possam ser
apresentados para contestar a característica geral.
Essa característica geral pode ser
observada quando se procura tipificar as formas mais usuais de manipulação. E
isso permite falar em Padrões de Manipulação observáveis na produção
jornalística. Os padrões devem ser tomados como padrões, isto é, como tipos ou
modelos de manipulação, em torno dos quais gira, com maior ou menor grau de aproximação
ou distanciamento, a maioria das matérias da produção jornalística.
É possível distinguir e observar,
portanto, pelo menos 4
padrões de manipulação gerais para toda a Imprensa e mais um específico
para o Telejornalismo, e que a seguir vão delineados.
(próximo post: Padrão
de Ocultação)
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