Assegurar
a TAP pública ao serviço do desenvolvimento do País
1-
A TAP é uma das
mais importantes empresas nacionais. O seu carácter estratégico para o País
decorre da natureza da sua actividade, da sua dimensão, do seu impacto directo
e indirecto no plano económico e social, do seu potencial e das funções de
soberania que assegura.
O PCP relembra que a TAP é a principal empresa
exportadora do País, realizando só em 2019 vendas superiores a 3,4 mil milhões
de euros. No último ano, a TAP foi responsável pelo pagamento de mais de 520
milhões de euros de salários e pelo pagamento de 111 milhões de euros à
Segurança Social, a que se acrescentam dezenas de milhões de euros de outras
receitas fiscais, bem como, os valores entregues ao Estado, quer de Segurança Social,
quer de IRS, por parte dos seus trabalhadores. Uma realidade a que se somam cerca
de 5 mil trabalhadores das restantes empresas do Grupo TAP (SPDH, Portugália, Cateringpor),
bem como toda a actividade económica que funciona a montante e a jusante da
companhia.
A defesa da TAP pública, enquanto companhia aérea de
bandeira, capaz de responder aos interesses do País, é uma exigência
inseparável de uma perspectiva de desenvolvimento
nacional da qual o Povo português não pode
prescindir. Se os custos inerentes à viabilização e desenvolvimento da empresa
são consideráveis, os prejuízos para o País de uma eventual destruição da TAP
seriam incomparavelmente maiores.
2 – Os problemas decorrentes da gestão privada da
TAP imposta nos últimos anos (onde se verificaram centenas de milhões de euros
de prejuízos), com a anuência dos sucessivos
governos, mesmo num quadro em que o Estado detinha
50% do capital, ficaram particularmente expostos com os impactos da paragem do
sector da aviação civil resultantes da epidemia, com uma degradação ainda mais
significativa da sua situação financeira e riscos de colapso. Ficou claro que
sem a intervenção do Estado, sem a recuperação do controlo público da empresa a
TAP não teria futuro.
O anúncio feito pelo Governo, de que o Estado
português passará a deter 72,5% da TAP, comprando por 55 milhões de euros a
participação de um dos accionistas privados (David Neeleman/Azul), associada à
entrada de 1200 milhões de euros de recursos públicos para a recapitalização da
empresa, representa uma decisão que, por si só, não garante o futuro da
companhia ao serviço dos interesses nacionais.
Decisão que tem por base a aceitação das imposições da União Europeia,
designadamente com o chamado plano de reestruturação da
empresa e que tem implícitos, não apenas a redução
da operação, da frota e do número de trabalhadores, mas também, a inserção da
TAP na estratégia de concentração monopolista que está a ser acelerada pela UE
no sector da aviação civil, num claro aproveitamento dos impactos da epidemia.
Para o PCP, o Governo português não pode aceitar ser o executante da
desfiguração da TAP, reduzindo-a a uma mera sucursal de uma qualquer companhia
de aviação estrangeira.
3 – É preciso responder no imediato aos problemas
mais urgentes que estão colocados à companhia, mas é também necessário
assegurar um plano estratégico que a coloque ao
serviço de Portugal.
É necessário desde logo assegurar uma gestão e
controlo público da empresa com o que isso implica de compromisso com os
interesses nacionais. Assegurando as condições para resistir aos impactos dos
últimos meses e à retoma da operação que agora se inicia, sem comprometer a
dimensão, o emprego, os salários e direitos dos trabalhadores, bem como a
operação que a TAP pode e deve ter no futuro. Mas é
preciso também preparar a TAP para o futuro. Libertando-a das imposições da
União Europeia e dos interesses do grande capital (incluindo do accionista
privado Antlantic Gatway/Humberto Pedrosa que ainda detém 22,5% do capital da
TAP). Assegurando que esta cumpre o seu papel na coesão do território nacional,
na ligação às comunidades de emigrantes espalhadas pelo mundo, na relação com
os países de língua oficial portuguesa, na promoção do turismo, no
desenvolvimento da economia nacional, incluindo dos seus sectores produtivos.
Uma opção que requer também a recuperação do controlo público da SPDH, o fim do
financiamento pelo Estado português de companhias aéreas estrangeiras como a
Ryanair ou a Easyjet, o desenvolvimento de uma estratégia de cooperação diversificada
com outras companhias aéreas, salvaguardando os interesses soberanos do País e
a recuperação do controlo público da ANA-Aeroportos, com os necessários investimentos,
consolidando o Hub de Lisboa, designadamente com a construção de um novo
aeroporto internacional na zona do Campo de Tiro de Alcochete.
Para o PCP, a TAP pública faz falta ao futuro de
Portugal. Faz falta a uma política que não prescinde do desenvolvimento e do
progresso do País.
03.07.2020
O Gabinete de Imprensa do PCP
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