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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Manifesto - Não Matem o Mensageiro



ManifestO

'Não Matem o Mensageiro'

A contradição é aparente: na sociedade em que tudo é encenado, o Teatro está a morrer. Mas se a política, a rotina e a vida é teatralizada, se nos secundarizam num personagem menor, ou mero espectador, porque interessa tão pouco a arte do teatro?

O poder baniu a verdade dos jornais e das televisões, dos orçamentos e dos procedimentos concursais, instituindo um imenso monopólio de mentiras fingidas e verdades dissimuladas que imita o teatro e que, ao mesmo tempo, o destrói. Aos poderosos não interessa a intensidade da verdade transbordante e a emoção palpável do palco, cuja natureza teatral é assumida. Prefere a ilusão do real, a informação espectáculo, o entretenimento entorpecedor. Importa por isso combater o fingimento dos falsos com teatro genuíno, responder à Sociedade do Espectáculo de Debord com o Teatro do Oprimido de Boal. Nem todo o teatro precisa de ser político. O nosso será.

  NÃO MATEM O MENSAGEIRO é um grupo de Teatro Político português, nascido já com a sanha de espicaçar o contraditório. De questionar e fazer pensar, que de nada serve o teatro que não serve para pensar. Rejeitando ser os bobos da corte burguesa, também recusamos navegar nas inofensivas águas mornas da arte pela arte. Porque para representar farsas esdrúxulas e ficções mirabolantes já bastam banqueiros e ministros, dizemo-lo bem alto e com cristalina claridade, que também no teatro vale a pena lutar.

Como Augusto Boal “refletimos sobre o passado e ensaiamos a sua transformação no presente para inventarmos o futuro”. Como Bertold Brecht, queremos “estimular o desejo de compreender o mundo e o prazer de o transformar”. Se na luta entre as classes não há espectadores, sejamos juntos os seus actores.

1 comentário:

  1. "(...)Rejeitando ser os bobos da corte burguesa, também recusamos navegar nas inofensivas águas mornas da arte pela arte. Porque para representar farsas esdrúxulas e ficções mirabolantes já bastam banqueiros e ministros(...)" Só por isto já merecem um caloroso "Sejam bem-vindos!"

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