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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Os rankings e a manipulação



Os rankings e a manipulação

Na última semana foram várias as notícias que, a propósito da passagem do primeiro mês sobre o reatar dos trabalhos parlamentares, fizeram um primeiro balanço estatístico da produtividade dos deputados recém-empossados. Tendo em conta a fixação habitual com os rankings, seria de esperar que a notícia fosse exactamente quem apresentou mais iniciativas. Talvez por esse registo caber ao PCP, os destaques foram diversos e particularmente dirigidos para os números (nalguns casos muito embaraçosos de tão escassos) dos deputados únicos.

Mas, apesar desse interesse pelos números, alguns dos nossos media não olharam para o que eles levavam dentro: para o conteúdo das propostas que os compunham. Uma opção que não explica a forma ostensiva como os mesmos que não gastaram uma linha ou um minuto para a proposta do PCP para a reposição da idade da reforma nos 65 anos (apresentada na Assembleia da República a 28 de Outubro), dessem amplíssimo espaço a um anúncio de intenções de outro partido: vão apresentar uma proposta idêntica. Mas não se ficando por aí, na generalidade dos casos não fizeram o que se exige a um exercício de jornalismo sério: no mínimo, a referência à única proposta sobre a matéria que, até ao momento da publicação dessas notícias, estava de facto entregue na AR – a do PCP.

Este é um episódio que retrata bem um dos mecanismos da ofensiva mediática contra o PCP. Ao mesmo tempo que jornais, rádios e televisões ocultam as propostas e os posicionamentos do PCP, promovem descaradamente iniciativas de outros sobre os mesmos temas.

Desde o início da legislatura, já deram entrada na Assembleia da República dezenas de iniciativas, mas nenhuma teve tanta exposição mediática como uma outra que ainda nem foi formalmente apresentada: a redução do IVA na energia para a taxa mínima. Mas, até neste caso, o tratamento mediático desta proposta de há anos do PCP – tantos anos quantos os que passaram desde que o PSD e o CDS impuseram o aumento, em 2011 – é coberta de termos depreciativos (como as coligações negativas) e destacada a partir da acção de outros, como se a iniciativa do PCP se submetesse a ameaças de posicionamento do PSD (que não só protagonizou o aumento do IVA como entretanto já inviabilizou propostas de redução apresentadas pelo PCP). Aqui está um outro truque para desvalorizar as soluções do PCP para o País e as apresentar de forma subalterna.

Tudo isto se passou num quadro mediático repleto de espaço por encher, pelo menos a julgar pelos principais órgãos de comunicação social nacional. Foi preciso ocupar horas de noticiários e páginas de jornais com as aventuras e desventuras de uma deputada e do seu assessor, com imagens e directos de Londres, mesmo enquanto pouco se sabia sobre o que lá se tinha passado (e, portanto, pouco havia a dizer), ou até das 5 horas de viagem marítima entre a barra de Cascais e a doca de Alcântara de um barco onde, por muito mediática que fossem os ocupantes, nada se passava. Houve tempo para tudo isto, mas não para as soluções do PCP para o País.

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