Vi o mesmo que tu na televisão
Por Vasco Cardoso
Não sei se esta é a fase da vida do País em que mais nítido se tornou o
domínio avassalador por parte dos centros de decisão do grande capital dos
principais órgãos de comunicação social e dos conteúdos e informações que aí
são veiculados. Mas a sensação que se vai tendo é essa!
Sem diferenças significativas entre
si, assistimos a um alinhamento quase cirúrgico das várias notícias promovendo
um verdadeiro apagão dos avanços alcançados nestes anos e um paciente
branqueamento do anterior governo e dos objectivos da direita mais
reaccionária. A crítica ao PCP – a quem não perdoam nem a sua identidade nem a
sua intervenção ao longo de décadas - e o anti-comunismo mais primário,
atravessam de forma fulminante o comentário político e têm, nas campanhas
dirigidas contra o Partido (e o movimento sindical) uma evidente expressão. E
ao mesmo tempo, assistimos a uma promoção descarada da extrema-direita e de
valores fascizantes que assumiram, nestas comemorações do 25 de Abril, formas
de insulto e provocação a todos os que lutaram e lutam pela liberdade e a
democracia.
As notícias que nos chegam de fora
também não são diferentes. As mesmas imagens, os mesmos protagonistas, as
mesmas tónicas são difundidas de forma avassaladora à escala mundial. Exemplos
não faltam: a manipulação e a legitimação da ingerência sobre a Venezuela; a
transformação da saída do Reino Unido da União Europeia numa tragédia sem
precedentes; a promoção entusiasmada da extrema-direita mesmo onde ela não tem
expressão; a ocultação dos crimes do imperialismo de que é exemplo maior a
situação na Palestina; ou mesmo a instrumentalização de problemas e
preocupações genuínas – como as questões ambientais – no sentido da perpetuação
do capitalismo.
Tudo isto no chamado mundo livre,
onde toda a tecnologia está disponível, numa aparente sensação de liberdade
individual que esconde uma cada vez mais insidiosa manipulação de consciências.
Luta de classes? Sim, no plano das
ideias, no plano ideológico, com poderosos meios nas mãos da classe dominante e
a força da razão a cobrir a resistência e a empurrar a luta dos trabalhadores e
dos povos!
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