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domingo, 12 de maio de 2019

Vi o mesmo que tu na televisão

Vi o mesmo que tu na televisão

Por Vasco Cardoso

Não sei se esta é a fase da vida do País em que mais nítido se tornou o domínio avassalador por parte dos centros de decisão do grande capital dos principais órgãos de comunicação social e dos conteúdos e informações que aí são veiculados. Mas a sensação que se vai tendo é essa!

Sem diferenças significativas entre si, assistimos a um alinhamento quase cirúrgico das várias notícias promovendo um verdadeiro apagão dos avanços alcançados nestes anos e um paciente branqueamento do anterior governo e dos objectivos da direita mais reaccionária. A crítica ao PCP – a quem não perdoam nem a sua identidade nem a sua intervenção ao longo de décadas - e o anti-comunismo mais primário, atravessam de forma fulminante o comentário político e têm, nas campanhas dirigidas contra o Partido (e o movimento sindical) uma evidente expressão. E ao mesmo tempo, assistimos a uma promoção descarada da extrema-direita e de valores fascizantes que assumiram, nestas comemorações do 25 de Abril, formas de insulto e provocação a todos os que lutaram e lutam pela liberdade e a democracia.

As notícias que nos chegam de fora também não são diferentes. As mesmas imagens, os mesmos protagonistas, as mesmas tónicas são difundidas de forma avassaladora à escala mundial. Exemplos não faltam: a manipulação e a legitimação da ingerência sobre a Venezuela; a transformação da saída do Reino Unido da União Europeia numa tragédia sem precedentes; a promoção entusiasmada da extrema-direita mesmo onde ela não tem expressão; a ocultação dos crimes do imperialismo de que é exemplo maior a situação na Palestina; ou mesmo a instrumentalização de problemas e preocupações genuínas – como as questões ambientais – no sentido da perpetuação do capitalismo.

Tudo isto no chamado mundo livre, onde toda a tecnologia está disponível, numa aparente sensação de liberdade individual que esconde uma cada vez mais insidiosa manipulação de consciências.
Luta de classes? Sim, no plano das ideias, no plano ideológico, com poderosos meios nas mãos da classe dominante e a força da razão a cobrir a resistência e a empurrar a luta dos trabalhadores e dos povos!

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