«Depois, há outros ingredientes. Os
professores protestam, fazem greves, boicotam exames, fecham escolas, e hoje há
uma forte penalização para as lutas sociais. Quem defende os seus interesses é
penalizado e de imediato tem contra si muita comunicação social, o bas-fond
das redes sociais e a maioria da opinião pública. São os enfermeiros, os
camionistas, os professores, os trabalhadores dos transportes – manifestam-se,
são logo classificados de privilegiados e egoístas. Os mansos que recebem
migalhas no fundo do seu ressentimento invejam quem se mexe. Sem mediações, a
sociedade esconde os que não precisam, e pune os que lutam. As greves hoje são
solitárias.
O papel mais negativo é o da
comunicação social, que se coloca sempre na primeira linha do combate ao
protesto social. Despreza por regra os sindicatos, que considera anacrónicos,
aceita condições de trabalho de sweatshop e ajuda a apagar e a tornar
incómoda a memória de que o pouco que muitos têm no mundo do trabalho foi
conseguido com muito sangue, e não ficando em casa a jogar gomas no telemóvel
ou a coscuvilhar no Facebook.»
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(aqui)
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