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terça-feira, 6 de setembro de 2016

A Festa do Avante e os media


A Festa do Avante - o maior acontecimento político-cultural desta época, depois da Universidade de Verão do PSD e da Escola de Quadros do CDS – segundo as queixas de alguns dos seus amantes, não tem um impacto mediático proporcional às suas dimensões. Será verdade mas, convenhamos, que mal irá a nossa comunicação social quando der maior cobertura ao que se passa numa festa, ainda que grande ou até a maior, do que ao trabalho sério que se desenvolve numa universidade ou numa escola.

Depois, também não é verdade que a Festa não seja notícia, o ano passado houve um documentário sobre a visita do futuro presidente da república e um escândalo com seguranças homofóbicos, este ano foi destacada a presença dum cidadão membro do governo e um ovo estragado, pró ano será, quem sabe, uma referência à Festa na homília do cardeal ou a proibição de acesso a animais. A Festa passa sempre na televisão, no mínimo com trinta segundos do discurso do secretário-geral, correspondente a uma frase criteriosamente selecionada ou então duas ou três entrevistas a pessoas comuns, retiradas dum painel de vinte ou trinta tentativas, que disseram aquilo que o dono queria ouvir.

Estarei com os críticos da relação da comunicação social com a Festa se a manifestação do seu desagrado tiver o objetivo perverso de “quanto mais nos queixarmos, pior eles farão!”. Isto porque uma das características que me agrada na Festa é precisamente a sua natureza não mediática - a Festa como um segredo cúmplice dos que lá vão. Se um dia a televisão e os jornais fizessem um trabalho jornalístico adequado à vivência da Festa, a mesma seria desvirtuada porque seria invadida pelas gentes cuja agenda é determinada pela TV e pelo Correio da Manhã. Simultaneamente, a afluência de muito mais gente esgotaria a capacidade da organização, stressando os serviços e alterando significativamente os perfis tradicionais dos festivaleiros.

A Festa emociona-me enquanto for assim. Sugiro até que, para o ano, a organização não faça publicidade e afixe os cartazes habituais dizendo apenas: este ano a Festa do Avante, que se realiza nos dias 1,2 e 3 de setembro, não tem publicidade.

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