A Festa do Avante - o maior
acontecimento político-cultural desta época, depois da Universidade de Verão
do PSD e da Escola de Quadros do CDS – segundo as queixas de alguns dos seus
amantes, não tem um impacto mediático proporcional às suas dimensões. Será
verdade mas, convenhamos, que mal irá a nossa comunicação social quando der
maior cobertura ao que se passa numa festa, ainda que grande ou até a maior, do
que ao trabalho sério que se desenvolve numa universidade ou numa escola.
Depois, também não é verdade que
a Festa não seja notícia, o ano passado houve um documentário sobre a visita do
futuro presidente da república e um escândalo com seguranças homofóbicos, este
ano foi destacada a presença dum cidadão membro do governo e um ovo estragado,
pró ano será, quem sabe, uma referência à Festa na homília do cardeal ou a
proibição de acesso a animais. A Festa passa sempre na televisão, no mínimo com
trinta segundos do discurso do secretário-geral, correspondente a uma frase
criteriosamente selecionada ou então duas ou três entrevistas a pessoas comuns,
retiradas dum painel de vinte ou trinta tentativas, que disseram aquilo que o dono queria ouvir.
Estarei com os críticos da relação
da comunicação social com a Festa se a manifestação do seu desagrado tiver o
objetivo perverso de “quanto mais nos queixarmos, pior eles farão!”. Isto porque uma das características que me agrada na Festa é precisamente a sua
natureza não mediática - a Festa como um segredo cúmplice dos que lá vão. Se um
dia a televisão e os jornais fizessem um trabalho jornalístico adequado à
vivência da Festa, a mesma seria desvirtuada porque seria invadida pelas gentes
cuja agenda é determinada pela TV e pelo Correio da Manhã. Simultaneamente, a
afluência de muito mais gente esgotaria a capacidade da organização, stressando
os serviços e alterando significativamente os perfis tradicionais dos
festivaleiros.
A Festa emociona-me enquanto for
assim. Sugiro até que, para o ano, a organização não faça publicidade e afixe os
cartazes habituais dizendo apenas: este ano a Festa do Avante, que se realiza
nos dias 1,2 e 3 de setembro, não tem publicidade.
Muito bom! A ironia é uma grande arma.do arsenal das palavras.
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