A jornalização em curso (2ª
parte)
Em
1853, o escritor alemão Gustav Freytag, que nunca ocupou nenhum lugar de
destaque na história literária, publicou uma comédia chamada Os Jornalistas
que tem uma personagem exemplar, pela qual a peça continua a ser citada.
Chama-se Schmock, essa personagem, e a sua réplica mais famosa, a que melhor
serve para a caracterizar como um jornalista que se molda a todo os ambientes
porque não se sente condicionado por convicções nem princípios, é aquela em que
proclama: “Aprendi [...] a escrever para todas as tendências. Escrevi à
esquerda e depois à direita. Sei escrever de acordo com qualquer tendência”.
NÃO
PERCAM ESTA CRÓNICA DE ANTÓNIO GUERREIRO NO PÚBLICO DE 1-7-2016
- alguns tópicos:
- alguns tópicos:
«A dança frenética de directores,
sub-directores, editores, colunistas e outros membros da
oligarquia que domina hoje os órgãos de comunicação social:
de jornal para jornal, da televisão para o jornal, do jornal para a rádio e vice-versa
e em todos as direcções.»
«Sem projecto, sem tendência que não
seja a dos ventos da estação, os media ficam ao serviço desta sociedade
implosivo-mafiosa: este é o panorama com que estamos confrontados.»
«Abaixo desta estrutura gestionária
está a massa dos jornalistas
proletarizados, sem qualquer autonomia,
mesmo que continuem a assinar com o nome próprio: o jornalismo deixou de se
conformar às exigências
do trabalho intelectual.»
«Eles
só existem e prosperam no seio de uma cultura decorativa, onde se pode escrever
ou programar à esquerda ou à direita, de acordo com a tendência de ocasião. E
todo o seu trabalho é dirigido a uma massa informe, em que também os leitores e
os espectadores são vistos como
receptores
acríticos.»
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