do avante! de 19.05.2016:
O PCP realizou nos últimos três meses um conjunto de debates sobre três
condições para o desenvolvimento e soberania nacional. O primeiro, em Março,
sobre o controlo público da banca; o segundo, em Abril, sobre a renegociação da
dívida; e o último, a 10 de Maio, sobre a libertação da submissão ao euro.
Temas que têm servido para alimentar de forma mediática caricaturas, mistificações
e a deturpação da posição do PCP perante a solução política.
São três questões centrais que contaram na sua discussão com a contribuição
de personalidades como Nuno Teles, João Rodrigues, Ricardo Paes Mamede, Sandro
Mendonça, João Ferreira do Amaral ou Jorge Bateira. A discussão sobre a
submissão de Portugal ao euro e as suas consequências na vida política,
económica e social reveste-se de actualidade indesmentível. Nos últimos meses
acentuaram-se manifestações de chantagem e tentativas de travar a actual
política de recuperação de rendimentos e direitos.
A permanência de Portugal no euro, ou a preparação do País para se libertar
da submissão ao euro, deviam ocupar muito do espaço mediático. São cada vez
mais os que entendem o efeito devastador de 14 anos de circulação da moeda
única no nosso País.
Os jornais do dia seguinte à sessão ignoraram-na. Para o Público, que fez
capa com a visita de Passos Coelho a um colégio privado, não existiu. No DN
vimos uma realidade esquizofrénica: no dia anterior tinha publicado uma pequena
antecipação mas da sessão não deu eco. Só o JN e o Correio da Manhã deram notícia:
o primeiro remeteu-a para o canto de uma página dedicada aos peregrinos de
Fátima; o segundo numa caixa da última página.
Nos canais televisivos o panorama não foi muito diferente. Nem um segundo
dos noticiários das 20 horas dos três canais foi usado para dar notícia da
iniciativa do PCP. Só na SIC Notícias e na TVI24 passaram peças da sessão.
Mas não foi só a silenciamento que assistimos. Se no JN as declarações do
Secretário-geral do PCP foram apresentadas como balanço de seis meses de
Governo, a SIC dizia que «Jerónimo aponta erros à Grécia». Mas em nenhum órgão
de comunicação social se pôde ver, ouvir ou ler que lá estiveram também outros
dirigentes do PCP e deputados na Assembleia da República e no Parlamento
Europeu. Nenhum deu notícia da presença e do contributo deixado pelas
personalidades que lá estiveram e o mesmo aconteceu com as iniciativas
anteriores.
A verdade é que nessa iniciativa o PCP avançou com medidas que considera
necessárias para libertar Portugal da submissão ao euro, mas mais uma vez os
critérios editoriais deram primazia a acontecimentos como a visita de Passos a
um colégio privado ou aos festejos do título do campeonato de futebol que ainda
estavam a cinco dias de distância. Quando o PCP fala pela sua voz própria sobre
essas questões surge o apagão.
O critério parece ter pouca ligação com a actualidade. O que fica evidente
é a vontade dos responsáveis pelos principaismedia em esconder tudo
o que ponha em causa a manutenção da política de empobrecimento e afundamento
do País. Resta dizer-lhes que isso não é jornalismo, é manipulação.
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