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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Um congresso para os media

 E agora... só para chatear: um congresso!

Aqueles que diariamente vão amontoados nos transportes públicos para o trabalho,
Aqueles reformados e pensionistas que vivem juntos em lares sem condições e os que lá trabalham,
Aqueles jovens que todos os dias vão para escolas sobrelotadas e os que lá trabalham,
Reconhecerão a conversa da treta que gira à volta do congresso do partido dos trabalhadores,
Interrogar-se-ão porque é que os comentadores da TV são do PS, do PSD, do CDS, do Bloco e nenhum é do PCP.
Aqueles que se reúnem à volta de pequenas mesas, de pequenos estúdios da TV, sem distanciamento físico e sem máscara, para fazer opiniões e acrescentar valor aos seus rendimentos,
Aqueles a quem o desastre económico não afeta a sua vidinha airosa,
Aqueles que só veem perigo de contágio no 25 de abril, no 1º de maio, na festa do avante, e no congresso dos comunistas,
Reconhecerão, para si mesmos, que é gente séria que sabe organizar-se e que da sua ação não vem mal à saúde pública,
Interrogar-se-ão, a si próprios, sobre a razão da animosidade que os move que não será outra senão o anticomunismo mais primário.
Ou não, apenas sentem que os tempos lhes estão de feição e que, por isso, podem tirar a máscara e assumir o que sempre foram.
Ou então, manifestar o seu cinismo quando se mostram preocupados com os impactos negativos nos resultados eleitorais do partido em que nunca votaram.
Se a vida tem de continuar, porque é que a luta há de parar?
(Para a semana lá terão de reconhecer que tudo correu de forma exemplar, apesar das imagens lhes fazerem lembrar a Coreia do Norte e, em consciência, deverão interrogar-se: para quê tanto ruído?)

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