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domingo, 30 de agosto de 2015

A Propósito da Dívida Pública

Como diz o povo na sua sabedoria de séculos,  «com papas e bolos se enganam os tolos»...
Ou então e ainda «Todo o burro come palha, o que é preciso é saber dar-lha.»
Tudo isto a propósito de um pequeno detalhe da recente entrevista a Jerónimo de Sousa.
Com a devida vénia transcrevo para aqui um breve trecho de José Alberto Lourenço, publicado no blogue FOICEBOOK.

«Surpreendentemente assistimos ontem na TVI24 ao lamentável espectáculo de vermos este jornalista (António Costa...) questionar o Secretário-Geral do PCP sobre a forma como iria o PCP implementar uma das principais propostas do seu programa eleitoral – a renegociação da dívida pública – já que dizia ele, 60% da nossa dívida pública são aplicações de pequenas poupanças das famílias portuguesas.
O Secretário-Geral do PCP surpreendido com a afirmação, repetida mais do que uma vez, respondeu, vamos ver, vamos ver e avançou na discussão explicando que a dívida pública atingiu um nível insuportável e que é do interesse dos próprios credores proceder a essa renegociação para que o país possa crescer e a partir daí libertar recursos para pagamento da dívida pública.
Ora o jornalista António Costa com aquela sua afirmação deu mostras de uma ignorância na matéria que não é aceitável e que é bem demonstrativa da forma ligeira e mentirosa como ele faz comentário económico. Basta-lhe a consulta do capítulo K do Boletim Estatístico do Banco de Portugal do presente mês de Agosto, para verificar a dimensão do disparate que disse. A dívida pública detida por particulares no passado mês de Junho (última informação disponível), dívida constituída por certificados de aforro e do tesouro na posse das famílias, empresários em nome individual e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias representava 7,1% do total da dívida da Administração Pública consolidada, montante que está a anos luz dos 60% de que fala este jornalista. Mas os dados do Banco de Portugal dizem-nos mais, dizem-nos por exemplo que a divida pública na posse de nacionais representa 32,4% do total e que a dívida pública na posse do estrangeiro representa 67,6% do total. Ou seja exactamente o contrário daquilo que insinuou o senhor jornalista. Se fossemos ingénuos diríamos, santa ignorância, mas como não somos dizemos, quando faltam os argumentos avança a mentira. E como as eleições se aproximam a todo o gás cada vez mais vamos ser confrontados com estratégias deste tipo.» 

Mais um daqueles exemplos de uma forma de «fazer jornalismo» sem grandes preocupações pela verdade dos factos.
REPETIR, REPETIR ATÉ À EXAUSTÃO UMA QUALQUER MENTIRA.
E assim se acaba por DISTORCER A REALIDADE...

 

2 comentários:

  1. É isso mesmo. Aliás, o Jerónimo ainda disse que a dívida pública resulta, em grande parte, da "nacionalização" da dívida privada - e não se referia aos pequenos aforradores! - pelo que, acrescento eu, há a negociação da dívida e há a reestruturação da dívida (que já muito houve e em sentido perverso).

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